Foram 03 dias acordando as 4:15 da manhã. A temperatura de cerca de 3 graus me deixava em dúvida se valeria a pena levantar … Mas em seguida, colocava minha roupa, tomava um cafe e preparava um mug para a manhã. Os equipamentos já estavam com as baterias carregadas. De repente abro a cortina do trailer e vejo a pickup do pessoal da Leona Amargase aproximando. Era noite, e via de longe o farol do carro ao meio das estepes da região de Magallanes, na Patagonia Chilena.
Nosso objetivo era encontrar os pumas que ali viviam livremente. Era uma comunidade de cerca de 40 pumas que se espalhavam pela ampla estepe, ou próximo as tocas e fendas feitas pelas pedras cerca das montanhas.
As irmãs gêmeas Goic, coordenavam toda a operação. Tinham rádios e os guias se falavam entre si, visto que a busca se iniciava no horário que os pumas saíam para caçar. Suas presas, eram os guanacos, espécie de llama da região.
Sua família tinha deixado de ser caçadores de pumas, quando a estância era 100% destinada a produção de lã e cuidado das ovelhas. Os pumas comiam mais de milhares de ovelhas por ano, o que representava um prejuízo a estância. Forçadamente, como protetores de seu negócio, eles tinham de caçar os animais para proteger suas ovelhas.
A partir disso, começaram a entender os movimentos e sinais do predador selvagem. E mais do que ninguem, aprenderam o que eles queriam comunicar. E a cerca de 15 anos atrás, a estância deixou de cuidar das ovelhas e comecou a focar no turismo, que crescia a cada ano na região.
Ser vizinho do Parque Nacional Torres del Paine era um privilégio, e decidiram abrir uma hospedagem para os turistas que vinha do mundo inteiro.
As filhas resolvera criar esse programa turístico para avistar esses predadores, de forma segura e respeitosa.
Eu pude experimentar esse programa, e posso dizer que foi bem divertido. Hora saíamos em busca, e não encontrávamos nada, hora estávamos ali a cerca de 30 metros do animal.
Mesmo com binóculos, rádios e muito conhecimento, não era garantido que íamos avistá-los.
Sem contar quando podímos encontrá-los, e como eles se mimetizavam de alguma forma na vegetação rasteira.
Eu tive sorte, pois pude fazer o programa em 2 diárias cheias (amanhecer e entardecer), e consegui registrar algumas belas imagens desse amazing tour !
Fiquei impressionado com a delicadesa e a elegância desses animais. O último deles que pudemos encontrar tinha recém caçado um guanaco. Curiosamente, após abater sua presa, os pumas têm o costume de cobrí-los com ramas e galhos, para esconder sua comida. Ele ali ficava por algumas horas, deitado, a frente do animal abatido, escondido. Era uma forma de proteger a carniça dos condores e carcarás que ali sobrevoavam.
Uma outra curiosidade eram os guanacos, que sempre andavam em bando, e uma forma de encontrar os pumas se dava ovservando a reação dos guanacos, para onde eles olhavam, ou se movimentavam, sempre atentos a um possível ataque de seu predador.
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